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HOJE NA HISTÓRIA
20 de Outubro
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1729
Segundo consta do termo de vereança do Senado da
Câmara, foram aprovadas as despesas realizadas com a traslado da imagem do Senhor Bom Jesus, de Camapuan até Cuiabá.
Tais despesas não excederam a 50 cruzados, o que facilmente se explica pelo auxilio que de particulares recebeu a Câmara para tal fim. Pena á que a respeito de assunto tão interessante nada mais exista que a ligeira referência que abaixo se lê, registrada nos Annaes do Senado da Câmara de Cuiabá, ano de 1729:
"...Neste mesmo ano se expediu por mandado do Senado da Câmara e pessoas principais a buscar a venerável imagem do Senhor Bom Jesus, que hoje veneramos em nossa Igreja Matriz, que estava no sítio de Camapuan.
Foi esta imagem fabricada na vila de Sorocaba por mãos de uma mulher; trouxe-a consigo um Pedro de Moraes, natural da mesma vila, nos primeiros anos que descobriram estes sertões, e, não podendo continuar o caminho pelas dificuldades que naquele tempo havia. arribou e deixou a imagem em um rancho coberto de palha, à borda do Rio Grande, lugar chamado Guarapiranga, de onde no ano seguinte ano a mudaram outros para o Rio Pardo, acima da barra do Anhanduí, em um rancho.
Daí a tornaram a levar outros viajantes para o mesmo lugar do Guarapiranga, de onde, no seguinte ano, a trouxeram outros até Camapuan e aí a deixaram. O que sabendo-se nesta vila foi mandado
buscá-la, indo por cabo da leva o capitão Domingos Barbosa Leme com 25 homens, em três canoas, a saber: Caetano de Brito Menezes,
Pantaleão Martins, Joaquim Soares, pardo forro, e os mais índios e negros.
Trouxeram-na em um caixão que levaram feito. Chegou ao Porto Geral desta vila com bom sucesso, adonde a foram buscar em procissão e se a colocou em um altar colateral da Igreja Matriz, à parte do Evangelho: fez-se-lhe a festa de missa cantada e sermão, que pregou o padre mestre Fr. José Angola, religioso franciscano: representaram-se duas comédias, houve banquetes e fogos, e durou o aplauso quatro dias, tudo à custa das pessoas principais e especialmante de Balthazar de Sampalo Couto e Antônio Correa de Oliveira, que liberalmente despenderam de suas fazendas com esta festividade.
No mesmo altar a que alude o cronista Barbosa de Sá, ainda se encontra a imagem do Bom Jesus, à esquerda do corpo da igreja matriz, sendo-lhe consagrada anualmente a festividade de 1º de janeiro, em que percorre as ruas da capital em procissão, sempre concorrida e deslumbrante. É uma das mais belas tradições do povo
cuiabano, que consagra intensa veneração ao padroeiro da cidade.
Uma secular irmandade, composta das pessoas mais gradas, faz celebrar, semanalmente, às sextas-feiras, uma missa no respectivo altar. Nos dias calamitosos da invasão paraguaia, nos tristes dias em que a varíola, em 1867, devastava a população, como quando uma epidemia nos ameaça, a veneranda imagem é carregada em procissão
pelas ruas -- e a confiança torna aos espíritos, como que o conforto penetra em todos os corações.
Reza uma tradição que depois do morticínio de 30 de maio de 1834, a imagem do Bom Jesus, saindo pelas ruas em procissão, tinha os olhos marejados de lágrimas...
1847
Chegam a Cuiabá os missionários capuchinhos Ir. Mariano de Bagnaia e fr. Antônio de Molineto, ambos incumbidos da direção dos índios aldeados em Bom Conselho.
Pouco demorou-se ali o segundo, devido ao seu temperamento agressivo e violento, e frei Mariano de Bagnaia se identificou com os habitantes da província, tornando-se um dos paladinos do progresso da vila de Corumbá, a que consagrava o maior afeto. Por ocasião da entrada das torças paragusias em Miranda, foi ali aprisionado peío
inimigo e conduzido a Assunção.
Terminada a guerra, voltou, em 1870, à vila de Corumbá, dedicando-se com carinho à reconstrução da igreja da sua paróquia, e tão singela era a sua vida, e tanto benefício soube espargir, que tornou-se o ídolo daquele povo. Faleceu em Rio Grande do Sul, e como homenagem à sua memória, deu a Câmara Municipal de Corumbá a designação de Rua Frei Mariano a uma das principais artérias da
cidade.
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