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CURTO & GROSSO
Edição de 03/08/2001
Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br
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O senador Antero Pés de Barros -- aquela alma séria e imaculada -- acaba de assumir publicamente sua condição de fazendeiro. Na verdade, bem que o senador -- aquele mesmo das mãos limpas -- tentou esconder o fato.
A revelação, porém, foi inevitável e está estampada na edição de ontem do jornal Folha do Estado. Bem escondidinha no Caderno de Classificados, mas está.
Consta, lá, que Antero Paes de Barros requereu à Fema -- Fundação Estadual de Meio Ambiente, dispensa de licenciamento ambiental para não se sabe fazer o quê -- o pedido não especifica -- na Fazenda Soledade, município de Cuiabá.
É claro que o novo fazendeirão assumido será dispensado pela Fema. Afinal, o Código Ambiental foi modificado na calada da noite para quê? Para atender "o interesse público", é claro.
A informação deixou a UDR -- União Democrática Ruralista na maior expectativa. É mais um parlamentar engrossando a bancada dos latifundiários.
Na Acrimat -- Associação de Criadores de Mato Grosso e na Famato a expectativa não é menor. Quem sabe na próxima Expoagro já teremos o novo fazendeirão arrematando vaca de 40 mil dólares, como faz com regularidade os também latifundiários Inês e Armando de Oliveira -- irmãos diletos do governador do Estado.
Até agora, o humilde radialista guindado ao Senado graças ao apoio do também radialista e prefeito Roberto França, negava de pés juntos ser proprietário de qualquer área rural.
Negava até mesmo a posse da mansão existente na boca do rio Mutum -- a primeira no sentido de quem sobe o rio com destino às demais mansões construídas ilegalmente sobre as águas da baía de Siá Mariana.
Depois de admitir publicamente o fato, apareceu com a versão segundo a qual a tal mansão pertence a um certo (?) primo -- Rogaciano -- ordenador de despesas do Prodeagro.
Pés de Barro também nega a propriedade de uma área no distrito da Guia. Adquirida logo após o governador Dante de Oliveira ter tomado posse pela primeira vez, em 95, o agora senador diz que a propriedade pertence a uma irmã, cuja única fonte conhecida de renda é o salário de funcionária pública. Estadual, claro. DAS, claro.
Nenhum senador ou qualquer outro semovente está proibido de comprar fazendas, claro. Desde que tenha renda para tal ou tenha amealhado durante a vida recursos para tanto.
Na condição de homem público, porém, Pés de Barro, certamente, deve ter uma bela e convincente explicação para a origem dos recursos que fizeram dele, agora, também um próspero fazendeirão.
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